DF se torna o primeiro estado brasileiro a oferecer exame genético para detecção de câncer de mama pelo SUS
O Distrito Federal se torna pioneiro ao incluir, pela primeira vez no brasil, exames genéticos destinados à detecção do câncer de mama, câncer de ovário e outros tumores hereditários no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta iniciativa inovadora é fruto de um projeto-piloto desenvolvido pela Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal (GDF), que permitirá à população realizar testes de painel genético sem custos. Caso os resultados do exame indiquem qualquer alteração molecular significativa, o paciente será direcionado a um programa de acompanhamento personalizado, focado na prevenção e diagnóstico precoce das neoplasias às quais pode estar suscetível. A condução desses exames será de responsabilidade do Laboratório de Biologia Molecular da Unidade de Genética (Ugen), localizado no Hospital de Apoio de Brasília (HAB).
Essa ação pioneira está alinhada com a Lei nº 6.733, sancionada em novembro de 2020, que estabelece a obrigatoriedade da rede de hospitais da SES-DF em oferecer testes de mapeamento genético a mulheres com altos índices de risco para o câncer de mama. Embora outros quatro estados – Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Amazonas – tenham legislações semelhantes, somente o Distrito Federal conseguiu viabilizar a inserção desse mapeamento no SUS, tornando-se o único a oferecer um programa completo e gratuito de prevenção e tratamento personalizado.
O assessor técnico do Laboratório de Biologia Molecular da Unidade de Genética do HAB, Claudiner Oliveira, ressalta a importância desse diagnóstico precoce: “Detectar riscos antecipadamente é fundamental não apenas para o bem-estar da paciente, mas também para a redução dos custos do serviço público de saúde”. Ele enfatiza que ao identificar o risco de câncer de forma precoce, é possível diminuir tanto o número de novos casos quanto os danos causados pela doença.
A vice-governadora Celina Leão também reforça essa questão, destacando que o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no brasil, excetuando os tumores de pele não melanoma. A expectativa é alarmante: mais de 73 mil novos casos são previstos até 2025, com cerca de 18 mil mortes que poderiam ser evitadas com a adoção de medidas preventivas eficazes. “Esse exame representa um avanço significativo na luta contra o câncer“, afirma Leão.
Gerson da Silva Carvalho, chefe da Unidade de Genética do HAB, adianta que entre 5% e 20% dos pacientes diagnosticados com câncer apresentam histórico familiar da doença. O reconhecimento da predisposição genética é crucial: quando não tratado, esse risco pode resultar no surgimento de tumores relacionados a alterações moleculares. “Até agora, os pacientes arcavam com os custos dos exames genéticos, pois não havia oferta no âmbito do serviço público. Hoje, em um momento simbólico como o Outubro Rosa, celebramos a possibilidade de oferecer o painel de genes para câncer hereditário gratuito no SUS do Distrito Federal, uma iniciativa única no país,” informa Carvalho.
Para iniciar a testagem gratuita, a SES-DF investiu cerca de R$ 600 mil na aquisição de equipamentos de última geração e insumos. A nova máquina de sequenciamento é capaz de analisar as bases químicas do DNA e gerar dados que serão cuidadosamente examinados pela equipe de genética.
Neste ano, o objetivo é atender 240 mulheres encaminhadas por especialistas da rede pública de saúde, que passarão pela coleta do material genético. Após a análise, se forem identificadas suscetibilidades para doenças, programas de acompanhamento serão elaborados, envolvendo exames regulares de imagem e bioquímicos, visando ao diagnóstico precoce do câncer, fundamental na busca pela cura.
Claudiner Oliveira esclarece que o processo de sequenciamento genético pode levar até 60 dias e envolve a análise complexa de genes específicos, culminando em um laudo que auxilia na orientação da conduta preventiva para cada paciente. “Nossa abordagem foca na prevenção, não apenas no tratamento da doença,” ele explica, ressaltando a importância do diagnóstico precoce para evitar que as mulheres cheguem aos serviços de saúde em estágios avançados da doença.
No dia 18, a equipe do Laboratório de Biologia Molecular completou um treinamento essencial para garantir um processo de sequenciamento genético padronizado e eficiente. Médicos geneticistas, biólogos e biomédicos participaram da capacitação, que é vital para identificar alterações que podem ser determinantes na prevenção e diagnóstico precoce do câncer. Carolina Amaro, auxiliar de Patologia Clínica e participante do treinamento, evidenciou a relevância desse projeto: “O sequenciamento genético para prevenção do câncer é um grande avanço para a saúde pública, e sua implementação no SUS representa um progresso imenso.”
Essa iniciativa não só representa um marco na saúde pública do brasil, mas também destaca a importância da prevenção e do tratamento eficiente, auxiliando na luta contra uma das doenças que mais afetam a população feminina.