Saúde Bucal em Pacientes HIV Positivo e um Alerta Diante dos Riscos do Monkeypox
Com o aumento recente dos casos de monkeypox (mpox), a ligação entre essa infecção e o HIV tem atraído crescente atenção, principalmente durante os surtos. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) destaca que pessoas vivendo com HIV, especialmente aquelas com contagens mais baixas de células CD4, correm um risco maior de desenvolver formas graves de monkeypox. A coinfecção entre HIV e mpox revela-se preocupante, com dados indicando uma prevalência maior de monkeypox em pacientes HIV positivos, quando em comparação com a população geral.
Rodrigo Carvalho de Souza, PhD em Periodontia, enfatiza a necessidade de integrar cuidados especiais para pessoas HIV positivo com as estratégias de prevenção e tratamento do monkeypox. Segundo ele, a infecção pelo HIV compromete o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a doenças graves, incluindo o monkeypox. “Uma abordagem integrada pode garantir um diagnóstico precoce e um tratamento mais eficaz, reduzindo o risco de complicações graves”, afirma Rodrigo.
Rodrigo, que tem dedicado anos à pesquisa e ao atendimento de pacientes HIV positivos, tanto em seu consultório quanto no “Projeto HIV”, ressalta que as manifestações orais nesses pacientes eram mais prevalentes antes da introdução da terapia antirretroviral potente (HAART). Com o HAART, houve uma significativa redução dos casos agudos e das infecções oportunistas na cavidade bucal associadas ao HIV.
A doença periodontal, que afeta todos os tecidos de suporte dos dentes, como ossos, ligamentos e gengivas, é um dos principais problemas orais em pacientes HIV positivos. “Embora a doença periodontal não tenha cura, ela pode ser controlada com o uso de antibióticos e consultas regulares”, explica Rodrigo. No entanto, ele alerta que, em pacientes com HIV, a doença periodontal pode ter um comportamento diferente devido à própria infecção pelo HIV e ao impacto da terapia antirretroviral no microbioma oral. “Compreender essas mudanças é essencial para definir o tratamento mais adequado”, destaca.
Para se proteger das coinfecções, Rodrigo enfatiza a importância de manter a saúde oral em dia, prevenindo a progressão de doenças orais. Ele também lembra que o diagnóstico de HIV positivo muitas vezes vem acompanhado de estigmatização social, e que garantir a saúde bucal é fundamental para preservar a qualidade de vida desses pacientes. “A perda precoce de dentes pode levar a baixa autoestima, dificuldades na mastigação, problemas de fala e até afastamento das atividades sociais e do mercado de trabalho”, conclui Rodrigo.