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“Tabagismo é classificado como doença pediátrica, afirma diretor da Fundação do Câncer”

Apesar da tendência de queda no número de adultos fumantes, emergem preocupações com o aumento do consumo de tabaco entre mulheres e a crescente popularidade dos cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, entre os jovens no Brasil. Dados recentes divulgados pelo boletim info-oncollect, produzido pela Fundação do Câncer, revelam este fenômeno alarmante.

As estatísticas históricas indicam uma diminuição geral de 1% na mortalidade por câncer de pulmão em todo o território nacional, embora a situação se apresente de forma distinta para as mulheres, que registaram um aumento médio de 2% nesse tipo de mortalidade. Os homens continuam a representar a maior parcela dos fumantes, com uma taxa de 16%. A pesquisa aponta que a região Sul do Brasil é a que possui o maior índice de tabagismo entre a população.

Outro dado preocupante do estudo é que aproximadamente 20% dos adolescentes em idade escolar já experimentaram cigarros eletrônicos. Essa estatística revela que, entre o público jovem, a maioria dos usuários é composta por meninos. A presença crescente dos vapes entre adolescentes é alarmante, especialmente considerando as potenciais consequências para a saúde a longo prazo.

“O impacto do uso de vapes em relação ao câncer de pulmão pode ser observado nas próximas duas décadas, uma vez que essa doença normalmente tem um desenvolvimento lento, mas já existem pesquisas indicando um aumento nos casos de Evali — uma forma de lesão pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos”, adverte Alfredo Scaff, epidemiologista e coordenador do boletim. Este alerta destaca a necessidade urgente de conscientização sobre os riscos associados ao uso de produtos de tabaco, tanto convencionais quanto eletrônicos.

Os organizadores do boletim enfatizam a urgência de reiniciar campanhas de educação e conscientização sobre os perigos do tabagismo, além de implementar fiscalização mais rigorosa nas fronteiras para combater o contrabando, a falsificação e a venda ilegal de cigarros e vapes. Eles defendem ainda o aumento da tributação sobre esses produtos. No Brasil, o preço médio de um maço de cigarro gira em torno de R$ 9,75, consideravelmente inferior ao que é praticado em outros países. Por exemplo, em Portugal, um maço custa cerca de R$ 33,26, enquanto na Alemanha o preço chega a R$ 48,59 e na Finlândia, impressionantes R$ 61,93.

O consumo de cigarros entre adolescentes é uma questão alarmante, com taxas mais elevadas de uso em várias regiões do Brasil, exceto no Nordeste, que apresenta a menor taxa. Não obstante, a popularidade dos vapes nesse grupo etário é particularmente preocupante no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Esse fenômeno provavelmente reflete uma estratégia de marketing da indústria do tabaco, que busca substituir usuários adultos ativos que estão se tornando menos frequentes à medida que envelhecem.

A questão do tabagismo não é apenas uma preocupação dos adultos, mas também uma doença que atinge as crianças e adolescentes. Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Fundação do Câncer e cirurgião oncológico, ressalta que a média de idade para a iniciação no tabagismo está em torno dos 15 anos. O aumento da aceitação e do uso de vapes pode agravar ainda mais essa situação, especialmente entre aqueles de baixa renda e com menor escolaridade.

“O tabagismo é amplamente reconhecido como uma doença pediátrica, uma vez que 90% dos fumantes iniciam o uso de tabaco antes dos 19 anos, com a média de início aos 15 anos. Por isso, nosso Movimento busca promover essa discussão nas escolas, incentivando educadores a abordar com seus alunos os graves riscos associados ao uso de cigarros e vapes”, conclui Maltoni.

A situação do tabagismo e do uso de cigarros eletrônicos entre jovens requer não apenas uma atenção imediata, mas também uma ação integrada da sociedade para reverter a tendência ascendente do consumo de tabaco. Este é um chamado à ação para todos nós, que devemos unir esforços para garantir um futuro mais saudável às gerações futuras.

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